História da Portuguesa Santista

Símbolo da Portuguesa Santista e Cachopinha, a mascote da Briosa

Tudo começou em 1914. A população de Santos se agitava com as agremiações criadas por italianos, espanhóis e sírios que moravam na cidade. Mas foi ao observar atentamente a uma partida de futebol do Hespanha Futebol Clube que alguns “canteiros” portugueses, trabalhadores da pedreira do bairro Jabaquara, se entusiasmaram com a criação de sua própria agremiação.

A ideia se consolidou somente em 1917, devido a várias reuniões de portugueses que se encontravam com frequência, ao final das tardes, em um salão de barbearia do senhor Alexandre Coelho, situado na rua Dr. Manoel Carvalhal, que mais tarde se tornaria a rua Joaquim Távora. Numa destas reuniões, o português Lino do Carmo perguntou aos seus conterrâneos sobre a hipótese de fundar um clube de futebol para representar a colônia portuguesa em Santos. Todos concordaram, mas entraram em discussão quanto à escolha do nome do clube.

Manoel Ribeiro, um dos fundadores, sugeriu que a nova agremiação se chamasse Futebol Clube de Portugal. Lino no Carmo, Antonio Peixoto e Albino Marques, por outro lado, optaram por não usar o nome do país lusitano devido à dúvida quanto ao êxito do projeto. Todos resolveram, então, criar uma associação portuguesa destinada a atletas.

No dia 20 de novembro de 1917, a barbearia onde ocorriam as reuniões diárias foi fechada algumas horas antes que o de costume para organizar as cadeiras, limpar o salão e tirar fotografias antigas da parede. Manoel Tavares, responsável por dirigir os trabalhos, deu início à reunião às 20 horas, em que, por votação unânime, o novo clube de Santos foi batizado com o nome “Associação Atlética Portuguesa”, hoje carinhosamente chamado de Portuguesa Santista ou Briosa.

Após fundar a agremiação portuguesa, que já contava com 37 associados, era necessário formar a primeira diretoria. Por isso, novas reuniões foram realizadas na barbearia. Por votação unânime, o primeiro corpo diretivo foi formado da seguinte maneira:

  • Presidente – Lino do Carmo;
  • Vice-presidente – José de Mello;
  • 1º secretário – Antônio Peixoto;
  • 2º secretário – Bento Ribeiro;
  • 1º tesoureiro – Manoel Ribeiro;
  • 2º tesoureiro Albino Marques;
  • Diretores auxiliares – Luis Fernandes, Alexandre Silva Machado, Manoel Tavares, Antonio Ravaças e Joaquim Ferreira.

Com tudo já encaminhado, faltava um detalhe importante: o uniforme dos jogadores. O clube decidiu adotar o vermelho e o verde como cores, numa alusão à bandeira de Portugal. Na camisa do goleiro, haveria o escudo das armas portuguesas.

O clube não tinha verba suficiente em caixa para confeccionar os uniformes. À época, os poucos associados da Portuguesa contribuíam mensalmente com 2 mil réis. Os jogadores receberam uma carta explicativa informando a situação e solicitando o pagamento dos uniformes, até que a associação pudesse fazê-los. Não demorou muito para isso acontecer, pois a situação do clube melhorava devido ao aumento do número de associados. Dentre eles, estavam os irmãos Pereira de Carvalho: Alcino, David, Clidio e João.

Na gestão de Manoel Lopes Novo, a Portuguesa teve conquistas importantes enquanto associação, como a bênção da primeira bandeira, que teve como madrinha Marques, filha de Seraphim Marques, administrador das Docas de Santos. O clube também passou a ter uma sede fixa, localizada na Rua João Pessoa. A inauguração foi realizada com uma grande festa entre os presentes.

Federação Paulista de Futebol

FachadaFPFBriosa

Em 1941, a Portuguesa Santista se tornaria um dos clubes fundadores da Federação Paulista de Futebol, junto de Palestra Itália (atual Palmeiras), Corinthians, São Paulo, Santos, Portuguesa de Desportos, Hespanha (atual Jabaquara Atlético Clube), Ypiranga, SPR (atual Nacional Atlético Clube), Juventus e Comercial Futebol Clube, da capital.

Luta contra o Apartheid

Um dos momentos mais marcantes na história da Portuguesa Santista aconteceu durante a excursão realizada pela pelo clube à África do Sul. Em 1959, o Apartheid, regime de segregação que impedia negros de conviverem no mesmo espaço de brancos, estava em pleno vigor naquele país. Dentre os vários adversários, a Briosa enfrentaria, na Cidade do Cabo, um combinado do município. Com problemas para desembarcar logo que chegou ao seu destino, as coisas só pioraram para o clube brasileiro antes do início jogo.

Já no vestiário, prontos para a partida, os jogadores da Briosa Nenê, Bota e Guilherme foram impedidos de entrar em campo por serem negros. A equipe santista bateu o pé e só aceitaria disputar a partida se eles pudessem jogar.

Sem acordo, a Briosa não entrou em campo, seguiu viagem para jogar em outras cidades do país africano, e teve sua atitude apoiada pelo então presidente brasileiro Juscelino Kubitschek. Pela primeira vez, o Brasil se posicionava oficialmente contra o Apartheid. Os santistas, por outro lado, entravam para a história do esporte brasileiro e sua postura teria repercussão mundial.

Seleção Brasileira

A Briosa foi a primeira equipe da cidade de Santos a ter um jogador servindo à Seleção Brasileira. Isso aconteceu na Copa do Mundo de 1938, na França. O atleta foi Argemiro Pinheiro da Silva, meio-campista que defendeu a equipe do técnico Ademar Pimenta e que foi um dos titulares na vitória por 2 a 1 sobre a Checoslováquia.

Elba de Pádua Lima, mais conhecido como Tim, atacante que iniciou carreira na rubro-verde santista e que desde 1936 defendia o Fluminense, também esteve na Seleção de 1938. Ainda como jogador da Briosa, ele atuou no Sul-Americano de 1937 defendendo a amarelinha.

Clássicos disputados

Os jogos disputados pela Portuguesa Santista contra o Santos e contra o Jabaquara são denominados, em ambos os casos, como “o clássico das praias”. Há também grande agitação da torcida quando a Briosa enfrenta a Portuguesa de Desportos.